Milton Ribeiro abandona posto de melhor ministro da Educação do governo Bolsonaro

Lamentável o ministro da Educação, Milton Ribeiro, discursar como pastor num momento em que ele deveria falar como ministro de Estado. Nada contra as preferências pessoais desse senhor, desde que ele não as misture com assuntos de Estado, afinal, a Constituição Federal estabelece que o Brasil é um país laico.

Ademais, no âmbito de competência do MEC, o ministro disse que a pasta que comanda não tem a obrigação de corrigir as longevas distorções que existem no Brasil. Ele se engana. É a educação a única ferramenta e esperança dos excluídos, e isso também está assegurado na Constituição Federal. O Art. 205 assegura: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

É a educação, portanto, que deve garantir a emancipação dos menos favorecidos e promover a igualdade e a inclusão em todos os âmbitos da vida social. O titular do MEC, porém, desconhece o fato. Milton Ribeiro despontava como o melhor ministro da Educação de Jair Bolsonaro, pois não falava nada e não fazia nada, portanto, não “falava merda” nem “fazia cagada”. Foi só abrir a boca e pronto! Colocou tudo a perder.

Se tivesse oportunidade, eu gostaria muito de fazer ainda uma pergunta ao ministro da Educação, Milton Ribeiro: “Ministro, o senhor considera desajustada a família do bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus?”. Não vejo problema algum na orientação sexual de Moyséis Macedo, filho do poderoso empresário da fé, Edir Macedo, cuja família pode até ter lá seus desajustes, mas, com certeza, não ocorrem por conta das preferências sexuais do filho que vive nos EUA. A pergunta ao ministro seria pertinente apenas para saber se o conceito de “família desajustada” dele é seletivo ou se estende a todos, inclusive aos próprios evangélicos.

Marcus Fiori é jornalista e professor de Jornalismo na Universidade Federal de Rondônia (UNIR).