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Grupos de pesquisa lançam carta contra decisão da UNIR

Os cientistas das diversas áreas do conhecimento se uniram para manifestar discordância pela alteração abrupta no edital que visa ao financiamento dos projetos de pesquisa submetidos ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Os quase 100 grupos de pesquisa enviaram uma carta aberta à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPESQ) contra o novo critério de análise, que praticamente exclui a possibilidade dos estudantes das ciências humanas serem contemplados com as bolsas.

O ponto anterior prezava pela “Relevância do projeto para o alcance dos objetivos do Programa de Iniciação Científica”. A redação atual diz que os projetos serão avaliados pelo “Grau de aderência a uma das Áreas Prioritárias do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (estabelecidas na Portaria MCTIC nº 1.122/2020)”, de 19 de março de 2020. Para tentar conter o problema, outras universidades federais, como a de São Paulo e de Pelotas, fizeram reservas da cota interna da instituição para as humanidades, algo que a UNIR praticamente impossibilita ao alterar justamente o critério de julgamento. Os projetos de pesquisa destas áreas podem sequer atingir uma pontuação qualificada para isso, competindo com igualdade.

A errata com as modificações foi publicada em 19 de maio de 2020, após o período de recurso ao edital ter sido finalizado dois meses antes, em 22 março de 2020, impossibilitando qualquer questionamento. As mudanças aconteceram sem consulta ao comitê científico, responsável pela aprovação do edital e da seleção. As ciências exatas e da vida, além do PIBIC, possuem bolsas praticamente exclusivas, em virtude da natureza do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), destinado ao “desenvolvimento e transferência de novas tecnologias e inovação”, segundo o próprio edital.

“Fato que desconsidera ainda a trajetória dos Grupos de Pesquisas e dos projetos em andamento, os quais poderão ser interrompidos por tais restrições. (…) que além de impor limites à produção científica das humanidades, comprometendo a qualidade dos cursos de graduação e pós-graduação, muitos estudantes serão negativamente afetados com tal política”, diz a carta assinada por quase 100 grupos de pesquisa da UNIR. A decisão da UNIR regride um século de avanço científico, com valorização apenas das ciências exatas e da vida, quando as humanidades precisavam adequar até os seus métodos de produção do conhecimento.

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