mimiMíDI

BOLSONARISMO EM XEQUE: eleição desidrata presidente

É necessário prestar atenção ao que aconteceu no primeiro turno da eleição na capital paulista, São Paulo.

Primeiro, o candidato presidencial largou na ponta e terminou em 4° lugar, não chegando nem perto do segundo turno. Segundo, nenhum dos dois candidatos finalistas querem apoio ou, simplesmente, proximidade, com Jair Bolsonaro na disputa do segundo turno.

Terceiro, Guilherme Boulos representa uma nova esquerda: ao mesmo tempo que se afasta de Bolsonaro assim como o diabo corre da cruz, chega a um heróico segundo turno sem a bênção ou apoio de Lula, PT e a chamada “esquerda tradicional”.

Isso posto, é plausível concluir que a polarização histórica que determinou os rumos das últimas eleições no país não mais dará as cartas em 2022. O recado das urnas é inequívoco: enfim, a tão sonhada terceira via pode estar chegando.

EM TEMPO 1. Ainda sobre o segundo turno da eleição na cidade de São Paulo, Guilherme Boulos não é terceira via. Ele é do pacotão que abarca o PT, Ciro Gomes, Manuela D’Ávila, Flávio Dino etc.

Boulos foi pragmático. Apenas entendeu que uma carreira solo nesse momento é muito mais viável que enroscar-se em inhacas humanas que só enganaram seus fanáticos eleitores ao longo dos tempos.

Guilherme foi inteligente, está catalisando o restinho da esquerda mais ideológica e menos fanática que existe. A navegação de Guilherme Boulos, porém, tem tudo para ser de cabotagem. Não deve vencer Bruno Covas.

Mas cabeça de eleitor, cabeça de juiz e bundinha de neném é tudo igual: ninguém sabe o que vai sair de dentro. Nem a que horas.

EM TEMPO 2. Jair Bolsonaro pediu votos (com direito a live e tudo) a 59 candidatos a prefeitos e vereadores, dos quais 45 foram rejeitados sem direito a segundo turno.

Das seis capitais nas quais Jair se intrometeu, quatro repudiaram seus candidatos logo de cara. Os dois que passaram para a próxima fase, chegaram capengando e têm tudo para perder (e tomara que percam).

A ex-mulher de Bolsonaro e mãe dos irmãos metralhas (Flávio, Eduardo e Carlos) se candidatou no Rio. Teve pouco mais de dois mil votos. Ficou de fora, é claro.

Uma bolsonarista fanática adotou até o nome do presidente Cloroquina em Angra dos Reis (RJ). De Val do Açaí, ela se apresentou ao eleitor como “Val Bolsonaro“. Conclusão: recebeu 286 votos e, obviamente, perdeu a eleição.

Eu venho dizendo há algum tempo que o tsunami Bolsonaro de 2018 não passa, agora, de uma marola mal-acabada.

Dos apoiados por Bolsonaro, poucos foram bem sucedidos – um deles foi um dos irmãos metralhas, o Carlos, que se reelegeu vereador na capital carioca. Porém, mesmo com o apoio do pai, Carlos levou cerca de 76 mil votos – 1/3 a menos dos 108 mil votos que alavancou em 2016.

Até o ídolo corintiano, Marcelinho Carioca, usou o bordão “fechado com Bolsonaro” durante a sua campanha para vereador. Também ganhou live do presidente. Também ficou de fora da Câmara dos Vereadores paulistana. Bolsonaro deu conta de queimar até o extraordinário legado futebolístico de Marcelinho Carioca.

 

Marcus Fiori é jornalista e professor de Jornalismo na Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

midi

MíDI - Laboratório de Mídias Digitais e Internet

Pular para o conteúdo